10 de julho de 2013

Trecho: Rumos Cruzados



Queridos seguidores, depois de um tempo sem postar e trabalhando muito decidi que vocês deveriam ter uma prévia e também deixarem o feedback sobre o livro.

O titulo é Rumos Cruzados. O livro conta a história de Wellington (Tom) que se apaixona e se casa ao 18 anos com Carol, o romance não dura muito tempo. Após uma discussão durante uma viagem os dois sofrem um acidente e Carol decide acabar com o casamento.

Sentindo-se culpado Tom parte para São Paulo para reconstruir a vida, mas o peso e a culpa ainda lhe cai sobre os ombros. Quando Denise (sua melhor amiga) marca o casamento e convida Tom para ser seu padrinho, ele tem que retornar para Guararapes e enfrentar todos seus traumas.

Essa não é bem uma sinopse, mas tenho certeza que a questão central foi exposta. Não comente apenas se gostou ou não, gostaria que vocês falassem o que funciona ou não para trabalhar numa possível melhora.







Tom não tinha certeza de como se sentia depois de chegar em Guararapes, e tudo que ele conseguiu fazer depois de acelerar a moto foi olhar para estrada enquanto tentava recuperar seu equilíbrio emocional.
Talvez ele não devesse ter ido lá, sua culpa só cresceu desde que o Cristo Redentor lhe recebeu com as boas vindas na entrada da cidade. Cada vez que passava por um buraco parecia que outra chuva saía das poças enlameadas. A droga da rua estava pior do que a pista, disse a si mesmo. Tinha sido uma péssima ideia ter aparecido, pensou em dar meia volta, mas não iria adiantar. Não poderia mentir para si mesmo a vida inteira, ser homem suficiente para enfrentar todos aqueles fantasmas, toda aquela dor; a verdadeira pergunta era: ele era homem suficiente?
A resposta está na pergunta, dissera seu pai uma vez, mas aquela exata pergunta estava pendurada em sua vida por cinco anos e esse mesmo tempo foi o suficiente para entender que independente da pergunta ou da resposta ele estava condenado para sempre. Porque Tom morreu naquele acidente, ao menos foi assim que se sentiu.
─ Qual seu problema, animal? ─ berrou uma voz feminina.
Ele saiu do devaneio virando o rosto de leve e percebendo que acabara de dar um banho numa mulher ao passar por uma poça. Poderia simplesmente ignorar ou pedir desculpas. Escolheu o segundo. Apertou o breque de leve e girou a moto para fazer a meia volta, mas percebeu a mulher apertar os braços contra o corpo num ato de resistência, parecia exatamente como alguém pronto para atacar.
─ Se você se aproximar acabo com você aqui mesmo? ─ a mulher de calça jeans e jaqueta jeans fechou os punhos e separou as pernas como se fosse lhe dar um golpe.
Ainda parado Tom observou a mulher. O cabelo castanho-escuro estava preso num rabo de cavalo e uma franja do lado direito do seu rosto dava um charme, o corpo esguio era mais alto do que as mulheres que ele conhecia e os olhos eram agraciados de um castanho tão intenso que ameaçava sua noção de individualidade. Sentindo vergonha assim que percebeu o olhar dela, ele abaixou o rosto e pela primeira vez sentiu o frio passar pelo seu corpo, mas não teve certeza se era a chuva ou a forma cautelosa que ela olhava para ele.
Ele tirou o capacete e espanou os cabelos negros.
─ Desculpa, eu não quis te molhar, na verdade, eu nem percebi que a poça...
─ Aham ─ desdenhou ela. ─ Foi a cantada mais barata que já recebi, vai fazer o que agora? Me oferecer uma carona?
Ele abriu a boca para responder, mas ela continuou:
─ Eu poderia te dar uma surra aqui mesmo, mas não valeria a pena.
Tom olhou perplexo para ela.
─ Acha mesmo que eu vou te molhar para retornar e passar uma cantada?
─ Vai negar ─ ela cruzou os braços. ─ Não foi uma das melhores coisas posso te dar umas aulas um dia desses.
─ Está sendo irônica certo?
Ela riu.
─ Claro que não. Adoro dar aulas para desconhecidos que passam por poças de água e depois me jogam uma cantada barata.
Os olhos. Aqueles olhos não eram estranhos, havia alguma coisa neles que Tom não conseguiu ignorar, não poderia ser ela. Em sua volta para cidade seria a última pessoa, depois de Carol, que ele gostaria de ver, mas aquele modo de falar, o jeito de sorrir... Não poderia ser ela, Erica tinha os cabelos castanhos claros e não era tão formosa daquele modo, ela era uma garota insuportável e apenas isso. A pessoa que lhe estendeu o braço naquela noite, sem julgamentos, sem condenação, apenas braços carinhosos e o sorriso mais doce que ele já vira.
─ Está me escutando? ─ ela perguntou, abanou a mão. ─ O seu problema é que deveria aprender um pouco melhor sobre mulheres...
─ Posso saber o seu nome?
─ Conseguiu piorar a situação ─ ela sorriu. ─ Vamos fazer assim, eu te dou meu nome e você me dá o seu.
─ Mas isso não vai fazer com que eu consiga te encontrar.
Um ligeiro sorriso escapou dos lábios delas. ─ Essa é a diversão, garotão. Se você for um psicopata ou um delinquente vou poder me prevenir antes.
Tom olhou para os lados. O lugar continuava deserto e a chuva tinha parado sem que percebesse, poderia arrancar um nome, mas assim como antigamente Erica adorava provocar os homens que se interessavam por ela.
─ Meu nome é Wellington, mas as pessoas me chamam de Tom ─ estendeu a mão para ela. ─ Não sou um pervertido nem psicopata, mas podemos deixar os detalhes para depois.
A mulher apertou sua mão e sorriu. ─ Você pode me chamar de Priscila. Tenho que ir ou meu pai vai ficar louco com a demora, mas aproveita e pensa bastante sobre mim e saiba que ainda estou disponível para aulas gratuitas para homens desajeitados com as mulheres.
─ Vou anotar na minha lista.
Foi o último sorriso que ela entregou para ele e voltou a andar.
O que foi aquilo? Depois de cinco anos estava flertando com uma mulher?
Pensou se deveria ir atrás dela, mas se fosse pareceria desesperado. Pensando ou não se era a melhor escolha seguir a mulher, Tom achou melhor esquecer aquela ideia e descansar pelos menos aquela noite num hotel, depois poderia enfrentar todos seus medos descansado e seco.

←  Anterior Proxima  → Página inicial

3 comentários:

  1. Essa história promete muitas emoções. Sua escrita está ótima, e espero ler a continuação logo hehehe

    Beijos!
    http://viajantesdaleitura.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  2. Oi Vanessa!
    Primeiro quero agradecer por vc compartilhar conosco a prévia de seu livro.
    Gostei mt da sinopse, esses YA são mesmo mto bons e causam uma identificação imediata.
    A premissa é excelente; a volta ao local de origem, o passado, as cicatrizes, as dores e tb as alegrias, o amor, os locais que nos são familiares e os queridos.
    Fiquei curiosa com esse encontro do Tom.
    Quem é Érica/Priscila ?
    São a mesma pessoa ?
    bjss e sucesso.

    ResponderExcluir
  3. Tenho que concordar com a Luna, esse encontro do Tom, nos deixou bem curiosa com desenrolar da história hehe

    Beijos!
    http://viajantesdaleitura.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir